quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Honestidade não faz parte do jogo...

Muito tem se falado sobre a polêmica do filme "Tropa de Elite" e sobre sua glamorização e apologia da violência policial, quem vem afirmando isso ou não viu o filme ou obviamente não o entendeu.
Escrito pelo ex-capitão do BOPE Rodrigo Pimentel (batalhão de operações policiais especiais), José Padilha (diretor do maravilhoso Ônibus 174) e Braúlio Mantovani (roteirista de Cidade de Deus) o filme nos mostra como funciona a vida do Batalhão, tudo é contado pelo Capitão Nascimento (Wagner Moura) que nos explica como funciona a vida no morro, os sofrimentos e a angústia dos policiais e como parece que compensa cada vez menos o trabalho.
Também somos apresentados a Neto (Caio Junqueira) e Matias (André Ramiro) dois jovens policiais honestos que vêem no BOPE uma chance de fazer a diferença perante a violência dos morros e a corrupção policial. Acompanhando a vida dos três mergulhamos de cabeça em uma sociedade violenta onde os policias julgam estar fazendo o melhor para a proteção do povo, mais o que eles parecem não perceber é que eles agindo dessa maneira se tornam tão perigosos quanto os bandidos que juraram combater.
Essa é a mensagem do filme, não da pra se dizer que existe uma apologia a violência policial devido aos diversos acontecimentos que surgem na vida dos personagens, Matias em especial, que de policial honesto com vontade de ser advogado para mudar o sistema se transforma em um quase-psicopata no final do filme, essa é a triste verdade apresentada, precisamos de psicopatas para caçar os psicopatas e isso não torna o mundo menos violento, mais sim cria um círculo vicioso sem fim.
Ainda o filme escancara a hipocrisia da sociedade, do governo, da polícia e dos jovens de classe média que vivem protestando contra a violência mais não enxergam problema algum em financiar o tráfico de drogas fumando seu baseadinho e cheirando cocaína. Dizer que esse filme não retrata nossas vidas e que é um filme perigoso é uma mentira, se trata de uma obra-prima que merece ser vista por todos. Ainda contamos com uma dose forte de violência retratada sem medo por Padilha que não foge de mostrar os acontecimentos chocando o espectador em diversos momentos, como em uma sequência que mostra duas execuções e nas várias cenas de tortura.
Além de tudo conta com um elenco impecável, do novato André Ramiro que percorre um arco dramático poderoso, passando por Caio Junqueira e sua força explosiva e chegando obviamente em Wagner Moura, espetacular, que se houvesse justiça no mundo receberia todos os prêmios de melhor ator que existissem.

Um comentário:

Lazy_Tami disse...

É..acho que a lição é que estamos todos fodidos e que não tem muita coisa que a gente possa fazer pra melhorar.

Um soco no estômago pra mim!