domingo, 18 de novembro de 2007

Analisando Shakespeare

Esse sábado logo após a aula de teatro nos reunimos na casa do nosso diretor/professor Dirceu para estudar um pouco e analisarmos o maior autor de teatro de todos os tempos William Shakespeare, para fazer isso passamos em uma locadora para alugar 2 filmes baseados em sua obra, inicialmente tinhamos em mente discutir "Hamlet" porém os filmes baseados nessa peça são em sua maioria longos incluindo versões de 4 horas de duração, resolvemos nos ater ao básico assistindo as 2 versões de "Romeu e Julieta", a primeira de 1968 dirigida pelo italiano Franco Zeffirelli e a segunda de 1996 dirigida pelo australiano Baz Luhrmann.
Depois de assistirmos aos dois filmes fomos comentando as escolhas dos diretores e as mudanças em relação a obra original e descobrimos por que o filme de 1968 possui tanto mais força, essa força é sem sombra de dúvidas o casal principal interpretados por Leonard Whiting e Olivia Hussey que seguem a risca o que é mais forte no texto original, a ingenuidade do casal, que afinal de contas são dos adolescentes na casa dos 14 anos, Hussey em particular nos conquista com sua meiguice e muitas de suas atitudes realmente refletem como uma adolescente dessa idade agiria, Whiting também não procura amadurecer seu personagem e aqui enxergamos um jovem casal apaixonado.
No filme de 1996 isso não acontece, ao optar por fugir da ingenuidade adolescente do casal o diretor Luhrmann e os atores Leonardo Dicaprio e Claire Danes (atores que eu admiro muito) não ganham a simpatia total do público e o romance dos dois fica mais adulto e logo menos apaixonante para assistirmos, não nos encantamos com os atos do casal e não celebramos tanto assim seu amor como no filme de 68. E logo também não sofremos tanto com o destino dos amantes.
Porém essa não é a única vantagem do filme Zeffirelli, que possui cenas muito mais eficazes, como a maravilhosa e espetacular cena do balcão que no seu filme faz toda a platéia suspirar com as declarações apaixonadas escritas de maneira brilhante por Shakespeare e é isso que evita o desastre total da mesma cena do outro filme que ainda por cima coloca uma piscina no meio de tudo e perde o lirismo que é necessário. Mais o filme de Luhrmann tem suas vantagens, poucas, mais tem, os atores que interpretam Mercucio e Tebaldo são superiores e todo a sequência que leva a fuga de Romeu beira a perfeição, incluindo o duelo de Mercucio e Tebaldo e a eventual morte de ambos. Também devo dizer que gosto do clima faroeste nos duelos que substituem espadas por armas de fogo, nada mais apropriado, falando em duelos, as coreografias do filme de 68 são fraquíssimas.
Mais no final não sofremos com o casal de Dicaprio e Danes, não derramamos as lágrimas, que jorram com Whiting e Hussey e esse é o grande pecado da produção. O fato é que conhecemos a obra de Shakespeare, sabemos como tudo termina, e mesmo quem não sabe descobre na abertura já que isso é dito de forma explícita no texto da peça e dos filmes.

"A capa tenho da noite para deles ocultar-me. Basta que me ames, e eles que me vejam! Prefiro ter cerceada logo a vida pelo ódio deles, a ter morte longa, faltando o teu amor."

Peça: Romeu e Julieta

Um comentário:

Lazy_Tami disse...

Hum...interessante analise.nunca vi o primeiro filme, mas posso imaginar o que vcs querem dizer.
Adoro o Romeu e Julieta do Dicaprio, mas realmente....a beleza e ingenuidade do amor foi totalmente perdida.

Ainda assim, não gosto muito do Tio Billy não.